segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Conferência "Da morte à vida" com Bryan Kemper

Data: 07 de Dezembro de 2011
Duração: 1 hora e ½ (20h00m até 21h30m)
Morada: Square Vergot, 18, Brussels
Organização: Génération pour la Vie
Anfitrião: Antony Burckhardt (Génération pour la Vie)

Principal assunto: A comunicação pro-vida

Contexto: A conferência teve lugar no 2º andar de uma moradia antiga no centro de Bruxelas, numa pequena sala onde coubemos 15 pessoas. Bryan Kemper estava numa mesa com Mélanie Quesson da Génération pour la Vie, que traduzia para francês o que ele dizia em inglês. Falou durante mais de uma hora, e depois houve espaço para perguntas e respostas. No fim da conferência o Bryan Kemper vendeu T-Shirts pro-vida e o seu livro “Social Justice begins in the womb”, e bebemos uma garrafa de vinho tinto que ele trouxe.

Bryan Kemper é um americano de meia-idade mas com espírito jovem e experiência de vida de velho. Os seus braços tatuados e ar de roqueiro certamente não correspondem ao que imaginamos ser um típico activista pro-vida.[1] Com uma infância e adolescência muito difíceis, o activismo pro-vida de Bryan Kemper chega-lhe por via da sua conversão ao cristianismo. É por isso que as associações pro-vida que Bryan Kemper fundou são “centradas em Cristo”, ou seja, com uma mensagem pro-vida marcadamente cristã.

A conferência foi filmada por dois técnicos e contou com a presença de organizações pro-vida da Bélgica Flamenga, da Bélgica Valónia, e de Portugal (Lobby Pela Vida).


Discurso:

Bryan Kemper – Fundador do Rock for Life, Stand True Ministries, entre outras iniciativas
Bryan começou por dizer que um activista pro-vida deve procurar falar sempre a verdade, e não pintar o mundo de outras cores. Claro que mostrar fotografias de bebés abortados é controverso. Mas mais controverso e chocante ainda é o facto de esses bebés serem abortados, e essa realidade tem de ser mostrada, não escondida.

As imagens são muito importantes. Uma pessoa pro-aborto até nos pode tratar mal na rua por lhe mostrarmos a imagem chocante de um aborto. Mas se ela estiver grávida e estiver a considerar abortar, aquela imagem vir-lhe-á à cabeça vezes sem conta, pois ficou-lhe gravada na memória. Aquela imagem pode ajudá-la a ter o bebé.

Segundo Bryan Kemper, há duas diferenças fundamentais entre o bebé por nascer e nós próprios: a idade e a voz. Até morrermos vamos estar sempre com o corpo em mudança, e até há partes do nosso corpo que não param de crescer. Por isso é que os velhinhos têm o nariz e as orelhas maiores. Quanto à voz, a única que os bebés podem ter antes de nascerem é a nossa, emprestada.

Bryan Kemper contou que tinha crescido numa família má, andava sempre da mãe para o pai e do pai para a mãe, foi abusado em criança fisicamente e sexualmente. Drogava-se, e chegou até a prostituir-se por comida. Considera que era um adolescente cheio de vícios e defeitos. Uma vez, num concerto do Bob Dylan em 1987, tomou tantas drogas que foi levado para o hospital à beira da morte, com overdose. Depois de lhe lavarem o estômago com detergente e de o porem novamente a salvo, o médico dele veio com uma grande conversa sobre o grande amor que Deus tinha por ele.

Depois de mais algumas conversas com outras pessoas, Bryan decidiu ler o Evangelho de São João de uma ponta à outra e converteu-se. Desde esse dia, nunca mais se drogou. Depois de casado, Bryan ouviu um dia os gritos da sua mulher na casa de banho e viu que ela estava cheia de sangue e o seu bebé estava a boiar na banheira. Tinha sido um aborto espontâneo. Bryan pegou na criança com as mãos em concha e foi com a mulher (que perdera muito sangue) para o hospital. Quando o pastor disse que não valia a pena fazer um funeral por causa de um feto, Bryan Kemper indignou-se. Comprou um caixão muito pequenino para o seu filho e fez-lhe um funeral digno, como qualquer pessoa tem direito.

Bryan Kemper decidiu então organizar o primeiro “Rock for Life”, onde quis reunir 3 das suas grandes paixões na vida: a música, Jesus Cristo, e ser pro-vida. O objectivo era chamar cantores rock que tivessem convicções pro-vida para cantarem juntos e influenciar os seus jovens fãs. Conseguiu até a cobertura da MTV para algumas das suas iniciativas. Envolvendo-se em outras organizações como o Crossroads (associação americana pro-vida que percorre os EUA a pé com uma mensagem pro-vida durante o Verão) ou o Students for Life, Bryan finalmente funda o Stand True Ministries, onde os vários voluntários rezam em frente às clínicas que fazem abortos nos EUA e fazem aconselhamento de rua para que as mães escolham a vida do seu bebé.

As pessoas pro-aborto devem ser chamadas assim, de “pro-aborto”. Pro-escolha é um termo pobre e enganador. Pro-escolha do quê, da maionese ou da mostarda? Não, tratemos as coisas como elas são: o contrário de se ser pro-vida é ser-se pro-aborto. Mas tratemo-los também com amor e sem os julgar. Deixemos os julgamentos para Deus, diz Bryan.

As facilidades que a Internet social nos dá não nos deixa qualquer desculpa para não nos envolvermos de alguma maneira no movimento pro-vida. Temos hoje muito mais oportunidades para nos organizarmos e fazermos a diferença.

No debate que se seguiu ao seu discurso, perguntei ao Bryan se sentia a necessidade de equilibrar a mensagem positiva com a negativa, de maneira a também cativar as pessoas. Ele não respondeu muito claramente, mas deu o seu exemplo para mostrar que as coisas negativas devem ser mostradas sempre, e este tema é negativo. No entanto, há boas maneiras de o mostrar. Depois do fim da conferência, em conversa com outros participantes, chegámos à conclusão que as coisas negativas não devem ser contrapostas por coisas positivas. O que devemos fazer, isso sim, é contar a verdade com amor.


Fotografia: Um olhar sobre a sala. Da esquerda para a direita: Mélanie Quesson (Génération pour la Vie) e Bryan Kemper (Stand True). De capuz encarnado de costas, o anfitrião Antony Burckhardt (Génération pour la Vie).



Bruxelas, 11 de Dezembro de 2011

AVC


[1] Ainda bem que não é assim. Oxalá não exista o “típico pro-vida”, mas sim uma multidão de pessoas diferentes com disposição para defender a vida humana desde a concepção até à morte natural.

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